domingo, 8 de novembro de 2009


Lágrima de preta

Encontrei uma preta
que estava a chorar,
pedi-lhe uma lágrima
para analisar.

Recolhi a lagrima
com todo o cuidado
num tubo de ensaio
bem estrelizado.

Olhei-a de um lado,
do outro e de frente;
Tinha um ar de gota
muito transparente.

Mandei vir os ácidos,
as bases eos sais,
as drogas usadas
em casos que tais.

Ensaiei ao frio,
experimentei ao lume,
de todas as vezes
deu-me o que é costume:

Nem sinais de negro,
nem vestigios de ódio.
Água (quase tudo)
e cloreto de sódio.

António Gedeão

4 comentários:

  1. Eu gosto muito desta poesia.
    Por isso a quis escrever aqui no meu blog.
    Conhia-a quando a minha mãe e a minha mana a cantaram para mim.
    Agora descobri-a numa página antiga de um jornal chamado Imenso Sul.

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  2. Mais uma vez mostras ser um rapaz de bom gosto. Esta é realmente uma bonita poesia.
    beijinho
    Manela

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  3. Manela:
    Com que então mais um simpático comentário.
    Vê-se logo que és muito atenta aos teus sobrinhos. E eu gosto!

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  4. Querido Duarte;
    Também eu quando era pequena decorei esta poesia.
    Quando cresci disse-a aos meus pequeninos.
    Porque me parece muito importante aprendermos muito bem que somos todos iguais, sejamos pretos, brancos de outra cor, de outro cheiro, ou de outra paragem... E quando encontro gente grande que ainda não aprendeu isso, apetece-me dizer esta poesia.
    Beijos da
    Mãe

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